Açougue Público de Princesa-PB... Da época da vaca morta...
Lembro-me de uma época difícil, em que a gente era pobre demais, entrava no açougue público de Princesa Isabel, Paraíba, aos sábados, para poder comprar um pedaço de toucinho de porco, um quilinho de toucinho... Era só o que dava para comprar...
A elite da cidade já tinha comprado o filé de boi, de porco, de bode, entre outros... Aos sábados, o que sobrava era o ranço... Os animais eram abatidos na quinta ou sexta-feira... As carnes ficavam penduradas sem refrigeração adequada...
Quando era o dia da feira-livre, no sábado... Os pobres agricultores saiam do Sítio para comprar alguma coisa... Passavam pelo açougue das carnes de gado, pelo local do porco, do peixe, da farinha e faziam suas comprinhas...
A carne, era a mais fraca, pois a parte nobre dos animais eram distribuídas entre os clientes ouro... Os ricos...
As partes compradas pelos pobres agricultores eram apenas as rebarbas, os retalhos retirados de alguma parte boa que o cliente rico não pegava...
Lembro-me que a gente ia até o açougue em Princesa, pedia um pedaço de carne e o marchante cortava uma tira que saía apenas o toucinho com um fino fiapo de carne pura... A gente até pedia para ele cortar um pedaço melhor, mas ele não fazia... Só fazia para o cliente ouro, ou seja, o cliente rico...
Sem contar que quando a gente chegava em casa, a carne já estava com ranço, cheiro ruim... Falo por mim... Quando eu entrava pela porta da frente do açougue de Princesa, saía nos fundos com agonia, tamanho mau cheiro tinha no ambiente...
Damião André de Lima
08/02/2025
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| Foto: Tião Lucena |
