FOI SEPULTADO NO FIM DA TARDE DE HOJE EM JOÃO PESSOA, O CORPO DO ESCRITOR PRINCESENSE PAULO MARIANO...
A tarde sumia debaixo de nuvens escuras que de repente surgiram para entristecer o céu.
Era a tristeza que faltava para retratar a saudade que começava a tomar conta do peito de cada um.
E como tinha saudade nesse fim de tarde no Parque das Acácias.
Saudades antigas retratadas nos cabelos brancos de Eduardo Abrantes e saudades novas, recém chegadas com as lágrimas que caíam dos olhos de Luciano Arroz, o genro que se fez filho e como filho adotivo foi companhia constante e testemunha ocular dos últimos passos do guerreiro.
Era o adeus a Paulo Mariano.
Um adeus que a eterna namorada Terezinha não aguentou terminar. “Não aguento ver isso”, disse ela para os filhos, sem conter a emoção ao ver o seu companheiro de 50 anos baixar à sepultura.
Yure, o filho que veio de longe, se despediu do pai prometendo honrar o seu legado.
E leu um trecho do mais novo livro de Paulo, onde ele diz:
“Ao viajar no meu tempo muitas vezes caminhei até atingir algumas paragens; noutras, demorei propositadamente no momento em que o atingimento era meu lugar. E hoje, quando paro para pensar, misturo as lembranças nas quase memórias, cutuco a saudade e noto claramente que estou aprendendo a envelhecer”.
Quando tudo terminou e a grama cobriu o chão, os pingos caídos do céu anunciavam a chegada do guerrilheiro aos braços de Deus.
POR TIÃO LUCENA