PAU QUEBROU

Uma madrugada atípica na região. Mais de 100 produtores rurais se mobilizaram para impedir a continuidade da ação do Movimento de Trabalhadores sem Terra (MST) que havia culminado com a invasão da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, em Hulha Negra, na tarde de terça-feira.
Grupos ligados ao MST invadiram duas propriedades rurais na segunda e na terça-feira, em Candiota e Hulha Negra, respectivamente, reivindicando reforma agrária em ambos os locais.
Segundo o presidente da Associação e Sindicato Rural, Rodrigo Moglia, ao saberem pela proprietária da fazenda em Hulha Negra, Rosa Alice Salles, que havia uma invasão, os produtores começaram a se organizar. “Chegamos por volta das 16h. A Brigada Militar compareceu, mas ficou apenas 30 minutos. Todos, em solidariedade, se mantiveram até que a situação fosse resolvida. Ao anoitecer, tomamos algumas decisões e criamos uma barreira, impedindo a entrada de outros integrantes e também a saída”, informou.
Moglia contou que houve uma tentativa dos integrantes de sair do local. “Não tínhamos identificação deles. Então, por volta da 1h, os integrantes do movimento solicitaram a liberação da estrada. Em conversa com a proprietária e com os demais produtores , decidimos que iríamos vistoriar se não havia danos e então liberar. Por volta das 2h, os cerca de 20 integrantes saíram, após essa negociação”, declarou o presidente da Associação e Sindicato Rural.
A ação, segundo Moglia, aconteceu sem violência, todos estando desarmados e em uma negociação pacífica. “A informação que o MST possui de que a área encontra-se com problemas registrais nos causa estranhamento. Como eles possuem essa informação? “, questionou o produtor.

O presidente também contou que o líder que conversou com os produtores se tratava de um trabalhador da construção civil, não sendo do meio rural. “Acreditamos que esses integrantes são massa de manobra, que há interesses políticos e temos conhecimento que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) publicou editais chamando famílias para ocupar lotes que estão abandonados na mesma região dos municípios de Candiota e Hulha Negra. Por que não destinam para esses integrantes?”, completou.
Contraponto
O integrante do MST, Paulo Machado, relatou que a ocupação da fazenda se deu devido a uma informação do Incra de que o local estava destinado para os assentados. “Estivemos em uma reunião com o instituto e lá foi informado pelos técnicos que o local estava destinado para reforma agrária. Não temos documentação, apenas foi feito um acordo”, relatou.
O dirigente também ressaltou que irá exigir uma posição quanto a isso para o Incra. “Saímos do local ameaçados e inseguros, vamos pedir uma explicação para os órgãos públicos”, concluiu.
Brigada Militar
Conforme o capitão Augusto Porto, do 2ª Esquadrão da Brigada Militar, o efetivo de Hulha Negra esteve no local e a situação já foi resolvida. “Na fazenda de Candiota, o proprietário, até o momento, não efetuou registro. Então a BM não tem como agir. São dois casos diferentes”, resumiu.
As informações são do jornal Folha do Sul

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