A mãe do menino trocou a Defensoria Pública do Distrito Federal depois de perder a guarda do seu filho para o pai, que mora em São Paulo. A situação ficou conhecida depois de uma parente da criança postar um vídeo no Facebook onde o garoto pede "pelo amor de Deus" para não ser levado pelo pai e pede que a tia suplique a Deus para protegê-lo
O processo do menino de 6 anos devolvido ao pai pela Justiça saiu da Defensoria Pública do Distrito Federal — a ação segue em segredo e em Capivari, no interior de São Paulo. A pedido da mãe da criança, a advogada Ellen Cristina Carvalho Silva assumiu o caso desde as 19h da última quinta-feira. Na manhã de ontem, cerca de 70 pessoas estiveram em frente ao Fórum do Riacho Fundo para prestar apoio ao garoto.
A situação do menino ganhou repercussão nacional após a publicação de um vídeo nas redes sociais. As cenas, gravadas por uma amiga da mãe na noite da última quarta-feira (27), mostram o desespero da criança após a decisão de manter a guarda com o pai. O desfecho ocorreu no Fórum do Riacho Fundo 1, cidade onde vive a mãe da criança. O menino se agarrou ao tio para não ser levado, depois se escondeu embaixo de um móvel, chorando muito. O juiz Edmar Ramiro Correia, do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios, confirmou a decisão tomada pela Justiça paulista de entregar o garoto ao pai. Na gravação, o menino faz um pedido a um homem que o abraçava no momento da sentença.
“Por favor, tio. Eu não quero ir. Vou ficar com a minha mãe”, suplicava. “Eu não gosto de lá.” Apesar da decisão, a advogada Ellen acredita que conseguirá recuperar a guarda para a mãe. “Temos como provar que ele está correndo risco. A mãe sofreu muitas ameaças, e a criança relatou que não vive bem com o pai e a mulher dele”, alegou. O Conselho Tutelar do Riacho Fundo, onde a criança prestou depoimento, destacou no processo o relato de maus-tratos sofridos pela criança e o desejo do garoto de ficar no Distrito Federal.
Desgaste emocional
A conselheira tutelar de Capivari, Evanilde Barbosa, no entanto, atesta que a criança é bem cuidada no interior paulista e não há maus-tratos por parte do pai e da madrasta. “O menino está muito bem, o pai o levou ao pediatra nesta sexta-feira, e ele está bem de saúde. O maior problema foi o desgaste emocional que a família toda passou. Ele já nos informou que viajará neste fim de semana para espairecer”, afirmou a coordenadora do caso.
Segundo Evanilde, o menino sempre gostou de viver com o pai. “Ele morou por quatro anos e meio aqui, a mãe só tinha contato com ele por telefone, por escolha dela, e esteve uma única vez na cidade. (Nessa ocasião), o pai não se opôs a deixá-la passear com o filho, mas, assim que pôde, levou-o para Brasília e causou muito sofrimento aos parentes.” A mãe esteve em Capivari em setembro do ano passado, após a ex-cunhada informá-la de que o filho estaria mal assistido. Acompanhada de um casal de amigos, ela visitou a criança e, sem que a Justiça ou o pai soubesse, a trouxe para o DF.
A conselheira acrescenta que saberia se o garoto sofresse maus-tratos. “Os vizinhos nunca ouviram nada que identificasse um pai violento. Na escola, a diretora relata que ele é um aluno como outro, brinca, presta atenção nas aulas e se relaciona bem. Em uma das inúmeras vezes em que estive com ele, o menino desenhou e relatou que tinha duas mães. Quando eu perguntei de qual gostava mais, ele respondeu, prontamente, que era de ambas”, revelou.
Evanilde continuará a acompanhar o caso com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Capivari. O Correio tentou novamente contato com o pai por telefone, mas ele desligou o aparelho.
Protesto no Riacho Fundo
Após assistirem ao vídeo da criança de 6 anos separada da mãe, internautas organizaram um protesto no início da tarde de ontem, em frente ao Fórum do Riacho Fundo. A maioria não conhecia a mãe, o pai ou a criança. Como exceções em meio às 70 pessoas reunidas, estiveram presentes o avô materno e um amigo da família. O avô, de 68 anos, disse que, a princípio, não se sentiu à vontade para participar, mas tomou a decisão porque “tinha que falar alguma coisa”. Ele foi de ônibus até o local e logo se uniu ao coro.
Os manifestantes, que somente sabiam da história por meio da internet e da imprensa, fizeram várias perguntas ao pedreiro. Ele contou que está preocupado com o neto, pois, de acordo com ele, o menino demonstrava muito medo do pai. “Quando ele estava em casa e ouvia uma moto passar na rua, se escondia debaixo da mesa. Dizia que era o pai dele chegando. Ele não conseguia nem tomar banho sozinho mais. Ficava no banheiro assustado”, relatou o avô. O pai do menino pertence a um motoclube gospel.
Ele afirmou que se mudou de casa três vezes em um mês por causa das ameaças que o ex-marido da filha fazia à família desde que o menino voltou para a capital federal. “Estamos morando na casa dos outros por causa da violência dele. Só quem já é pai, avô, sabe quão chocante isso tudo é para a gente. Estou até tremendo”, disse. O avô acrescentou que o ex-genro começou a apresentar comportamento agressivo no início do casamento. “Eu, que sou pai, nunca trisquei a mão nela e o bendito fez isso. Dei todo o apoio para ele no namoro, ajudei a mobiliar a casa dos dois, e ele vem bater na minha filha?”
A pedagoga Aline Macedo, 27 anos, levou cartazes e apitos para a manifestação. Segundo ela, o objetivo não é prestar apoio à mãe, mas à criança. “Independentemente do que tenha ocorrido entre o pai e a mãe, o que nós temos de pensar é no sofrimento desse garoto”, explicou.
A situação do menino ganhou repercussão nacional após a publicação de um vídeo nas redes sociais. As cenas, gravadas por uma amiga da mãe na noite da última quarta-feira (27), mostram o desespero da criança após a decisão de manter a guarda com o pai. O desfecho ocorreu no Fórum do Riacho Fundo 1, cidade onde vive a mãe da criança. O menino se agarrou ao tio para não ser levado, depois se escondeu embaixo de um móvel, chorando muito. O juiz Edmar Ramiro Correia, do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios, confirmou a decisão tomada pela Justiça paulista de entregar o garoto ao pai. Na gravação, o menino faz um pedido a um homem que o abraçava no momento da sentença.
“Por favor, tio. Eu não quero ir. Vou ficar com a minha mãe”, suplicava. “Eu não gosto de lá.” Apesar da decisão, a advogada Ellen acredita que conseguirá recuperar a guarda para a mãe. “Temos como provar que ele está correndo risco. A mãe sofreu muitas ameaças, e a criança relatou que não vive bem com o pai e a mulher dele”, alegou. O Conselho Tutelar do Riacho Fundo, onde a criança prestou depoimento, destacou no processo o relato de maus-tratos sofridos pela criança e o desejo do garoto de ficar no Distrito Federal.
Desgaste emocional
A conselheira tutelar de Capivari, Evanilde Barbosa, no entanto, atesta que a criança é bem cuidada no interior paulista e não há maus-tratos por parte do pai e da madrasta. “O menino está muito bem, o pai o levou ao pediatra nesta sexta-feira, e ele está bem de saúde. O maior problema foi o desgaste emocional que a família toda passou. Ele já nos informou que viajará neste fim de semana para espairecer”, afirmou a coordenadora do caso.
Segundo Evanilde, o menino sempre gostou de viver com o pai. “Ele morou por quatro anos e meio aqui, a mãe só tinha contato com ele por telefone, por escolha dela, e esteve uma única vez na cidade. (Nessa ocasião), o pai não se opôs a deixá-la passear com o filho, mas, assim que pôde, levou-o para Brasília e causou muito sofrimento aos parentes.” A mãe esteve em Capivari em setembro do ano passado, após a ex-cunhada informá-la de que o filho estaria mal assistido. Acompanhada de um casal de amigos, ela visitou a criança e, sem que a Justiça ou o pai soubesse, a trouxe para o DF.
A conselheira acrescenta que saberia se o garoto sofresse maus-tratos. “Os vizinhos nunca ouviram nada que identificasse um pai violento. Na escola, a diretora relata que ele é um aluno como outro, brinca, presta atenção nas aulas e se relaciona bem. Em uma das inúmeras vezes em que estive com ele, o menino desenhou e relatou que tinha duas mães. Quando eu perguntei de qual gostava mais, ele respondeu, prontamente, que era de ambas”, revelou.
Evanilde continuará a acompanhar o caso com o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Capivari. O Correio tentou novamente contato com o pai por telefone, mas ele desligou o aparelho.
Protesto no Riacho Fundo
Após assistirem ao vídeo da criança de 6 anos separada da mãe, internautas organizaram um protesto no início da tarde de ontem, em frente ao Fórum do Riacho Fundo. A maioria não conhecia a mãe, o pai ou a criança. Como exceções em meio às 70 pessoas reunidas, estiveram presentes o avô materno e um amigo da família. O avô, de 68 anos, disse que, a princípio, não se sentiu à vontade para participar, mas tomou a decisão porque “tinha que falar alguma coisa”. Ele foi de ônibus até o local e logo se uniu ao coro.
Os manifestantes, que somente sabiam da história por meio da internet e da imprensa, fizeram várias perguntas ao pedreiro. Ele contou que está preocupado com o neto, pois, de acordo com ele, o menino demonstrava muito medo do pai. “Quando ele estava em casa e ouvia uma moto passar na rua, se escondia debaixo da mesa. Dizia que era o pai dele chegando. Ele não conseguia nem tomar banho sozinho mais. Ficava no banheiro assustado”, relatou o avô. O pai do menino pertence a um motoclube gospel.
Ele afirmou que se mudou de casa três vezes em um mês por causa das ameaças que o ex-marido da filha fazia à família desde que o menino voltou para a capital federal. “Estamos morando na casa dos outros por causa da violência dele. Só quem já é pai, avô, sabe quão chocante isso tudo é para a gente. Estou até tremendo”, disse. O avô acrescentou que o ex-genro começou a apresentar comportamento agressivo no início do casamento. “Eu, que sou pai, nunca trisquei a mão nela e o bendito fez isso. Dei todo o apoio para ele no namoro, ajudei a mobiliar a casa dos dois, e ele vem bater na minha filha?”
A pedagoga Aline Macedo, 27 anos, levou cartazes e apitos para a manifestação. Segundo ela, o objetivo não é prestar apoio à mãe, mas à criança. “Independentemente do que tenha ocorrido entre o pai e a mãe, o que nós temos de pensar é no sofrimento desse garoto”, explicou.
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Setenta pessoas se reuniram em frente ao Fórum de uma pequena cidade, no Distrito Federal, para protestar contra decisão de juiz |